Praxe académica- Só devia usar quem sabe!
No “Público” de hoje vinha um comentário sobre o acontecido, há 3 anos, a um estudante universitário, no norte de Portugal. Segundo consta no processo judicial que, infelizmente, foi arquivado, o jovem tunino morreu com diversos hematomas que, como parece, foram originados por actividades de praxe dura.
Como vi esta notícia, há algumas semanas, e li o comentário de hoje (que por acaso era uma resposta a uma Mestranda, que pelo que parece, mais valia estar quieta… http://jornal.publico.pt/2004/11/01/EspacoPublico/O03.html), não queria deixar de fazer o meu comentário.
Em 1993 (nada de gozar pelo longínquo da distância temporal), entrei para Biologia, na Universidade de Coimbra. Uma das coisas nas quais participei como caloira e depois como estudante mais velha foi na praxe académica. Posso dizer que um dos primeiros livrinhos que comprei nesse ano foi o Código da Praxe da Universidade de Coimbra, livro este que sofre actualizações frequentemente. Neste livro podemos encontrar os direitos e deveres dos alunos universitários (de Coimbra) para com a própria instituição e comunidade académica. De um ponto de vista pessoal, vejo a praxe académica de Coimbra como um modo de apresentar os novos alunos à comunidade estudantil e incutir-lhes o espírito da academia e da própria Académica. Também de um ponto de vista pessoal, nunca sofri, nem vi nada que pudesse prejudicar alguém, ao nível da praxe, em Coimbra.
O que me parece é que as “novas” instituições académicas, que também querem ter estas actividades de praxe académica, e porque querem ao mesmo tempo ser diferentes, entram em jogos perigosos que, para além de gozarem com o ser humano, ainda põem em causa a sua integridade física. Só como exemplo, em Lisboa, a maioria dos alunos que têm traje académico pertencem a Tunas ou a algum grupo da universidade, o mesmo acontecendo na maior parte das Universidades. Estes, muitas vezes, são vistos como um grupo à parte e marginalizados. Entram nos jogos das pinturas, nas lutas de água e farinha…
Em Coimbra, a maioria tem traje…
Outra problemática, a meu ver, é a praxe entre sexos diferentes. Em Coimbra, moços praxam moços e moças praxam moças. Não há misturas (a não ser na Queima da Fitas e na Latada!!!)! Nas universidades mais novas, moços praxam moças, e as moças os moços. Talvez isto dê azo a alguns abusos…
Com tantos tristes exemplos que acontecem todos os anos, ainda ninguém fez nada. Será que não há nada a fazer?
Só me resta dizer que é triste que morra um jovem, por alguém ter a petulância de achar que, por estar na universidade há mais anos, tem o poder de maltratar e humilhar os outros.
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